Certamente você deve ter visto na televisão dezenas de matérias e programas que retratam o empoderamento das pessoas através da atitude do faça você mesmo (Movimento DIY - do-it-yourself). Alguns exemplos são: Batalha Makers Brasil do Discovery Channel, Mundo Maker S/A da GloboNews, Conexão Maker do Canal Futura, entre outras dezenas de produções internacionais e independentes nas redes sociais.
Mas esse movimento que antes era caracterizado por um bando de nerds/hackers curiosos, tem assumido novas perspectivas em seu potencial inventivo. Uma dessas novas perspectivas é a Aprendizagem Criativa, que tem sido amplamente utilizada no meio acadêmico, e aplicada como metodologia de desenvolvimento de pessoas através de seus próprios projetos.
A contribuição das atividades makers para o desenvolvimento das habilidades e atitudes empreendedoras são amplamente citadas na literatura como forma de impulsionar o desenvolvimento de novos negócios. Cada vez mais universidades apostam em Hackathons e Ideathons como motores do empreendedorismo, impulsionando a criação de novos negócios entre sua comunidade de alunos, professores, pesquisadores e funcionários (SCOTT, 2015; GOLDENSE, 2013; HOLM, 2015; BRISCOE, 2014).
O Fab Lab Inatel dispõe de uma infraestrutura completa de fabricação digital para facilitar whorkshops, incluindo máquinas de corte a laser, impressoras 3D, recorte eletrônico e CNCs de precisão e de grande formato.
Fab Lab Inatel
Curso Inatel Maker de Fundamentos de SolidWorks
EduTec&Cria Drones, curador Prof. Egídio
E o empoderamento de empreendedores através de espaços makers não se restringe aos recursos físicos disponíveis nesses ambientes. O movimento maker vive a terceira onda, em que a prosperidade do movimento, inovação e empreendedorismo se destacam, até mesmo em locais sem infraestrutura de fabricação digital. (STEPHEN, 2014; BROWDER et al, 2019)
Atividade de mão na massa no Laboratório de Ideação do Inatel
Atividade de mão na massa com a equipe de robótica RobotBulls da engenharia de automação do Inatel.
Os resultados dessas iniciativas podem ser verificadas através de estudos especializados e também no mercado, com startups originalmente criadas a partir do propósito de seus fundadores e da experiência do faça você mesmo em ambientes universitários. Empresas de grande sucesso como FormLab, MakerBot, Modkit, Ponoko, Ultimaker, FabFi, Remake Electric, entre muitas outras compõem o hall de startups originárias da cultura maker. (FAB FOUNDATION, 2018).
Aluno de primeiro semestre com protótipo de papelão e protótipo final desenvolvido e fabricado no Fab Lab Inatel.
Para o Programa de Incubação de Empresas e Projetos do Inatel - Inatel Startups, o impacto do Fab Lab Inatel tem sido positivo. Pois a dinâmica de mercado para o desenvolvimento de novos negócios tem exigido dos empreendedores uma abordagem ágil e centrada no usuário, com o objetivo de reduzir custos, riscos e ser mais mais aderente ao problema do negócio. Essas abordagens são amplamente utilizadas em metodologias como Customer Development, Lean Startup, Design Thinking e BMC, e aplicadas nos principais ambientes de empreendedorismo do mundo para desenvolvimento de novos negócios (BLANK & DORF, 2012; RIES, 2017; BROWN, 2010; OSTERWALDER & PIGNEU, 2010).
Projeto AgroView da Startup Das Coisas - Anderson Palma, desenvolvedor 3D na Das Coisas.
O ciclo de desenvolvimento desses novos negócios ocorre de forma iterativa, com uma série de modificações ao longo do tempo, acarretando na necessidade de implementação de diversos protótipos que devem ser validados em várias etapas com os próprios usuários. Este conceito, também conhecido como MVP (Produto Mínimo Viável) ressignifica a lógica de prototipagem, que antes se apresentava como uma solução definitiva, e agora como pedaços de uma solução que podem ser validadas por sua efetiva proposta de valor para o usuário (BLANK & DORF, 2012; RIES, 2017; BROWN, 2010; OSTERWALDER & PIGNEU, 2010).
Uma das maiores dificuldades dos empreendedores nos ciclos de desenvolvimento de novos negócios é materializar as soluções elaboradas, em função da dificuldade de acesso a recursos físicos necessários ao desenvolvimento, como: máquinas, ferramentas e materiais; como também a recursos intelectuais, como: softwares e profissionais especializados (GERSHENFELD, 2012).
Diante disso, iniciativas como o Fab Lab tem difundido e até popularizado o acesso a esses recursos de prototipagem, empoderando os empreendedores no processo de execução de seus projetos, conferindo-lhes maior autonomia e flexibilidade, permitindo que o desenvolvimento de novos negócios sejam mais ágeis, baratos e de menor risco para investidores e empreendedores (STACEY, 2014).
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Referências
AMERICAN SOCIETY FOR ENGINEERING EDUCATION. Envisioning the Future of the Maker Movement: Summit Report. Washington, DC, 2016.
BLANK S., DORF B. Startup. Manual do Empreendedor. O guia passo a passo para construir uma grande empresa. Alta Books, 2012.
BRISCOE, G; MULLIGAN, C. The Hackathon Phenomenon. Queen Mary Universety of London. 2014.
BROWDER, R.E.; ALDRICH, H.E.; BRADLEY, S.W. The emergence of the maker movement: Implications for entrepreneurship research. Journal of Business Venturing, May 2019.
BROWDER, R.E.; ALDRICH, H.E.; BRADLEY, S.W. Entrepreneurship Research, Makers, and the MakerMovement. 2017.
BROWN, T. Design Thinking - Uma Metodologia Poderosa para Decretar o Fim das Velhas Ideias. Elsevier, 2010.
CARLSON, S. The 'Maker Movement' Goes to College; Institutions gamble on open workshops as engines of entrepreneurship. The Chronicle of Higher Education, April 20, 2015.
FAB FOUNDATION. What Is A Fab Lab?, 2018. Disponível em: <http://www.fabfoundation.org/index.php/what-is-a-fab-lab/index.html>. Acesso em: 01 mai. 2018.
GERSHENFELD, N. How to Make Almost Anything. The Digital Fabrication Revolution. Foreign Affairs, 2012.
GOLDENSE, B. L. The Maker Movement Spurs Corporate Innovation and Entrepreneurship. Machine Design, 2013.
HOLM, E. J. V. Makerspaces and Contributions to Entrepreneurship. Elsevier, Volume 195, 2015.
HOLMAN, W. Makerspace: Towards a New Civic Infrastructure. Places Journal, 2015.
MAKE. Maker Market Study: An In-depth Profile of Makers at the Forefront of Hardware Innovation. Make, 2012.
NATIONAL LEAGUE OF CITIES. How Cities Can Grow The Maker Movement. 2016.
OSTERWALDER A., PIGNEU Y. Business Model Generation. Alta Books, 2010.
PENGELLY J.; FAIRBURN S.; NEWLANDS, B. Adopting 'FabLab' Model to Embed Creative Entrepreneurship Across
RIES, E. A Startup Enxuta. Leya, 2017.
REDEKOPP, R; NANTAIS, M. Education and Technology: Manitoba Makers and Coders. 2017.
SCOTT, C. The 'Maker Movement' Goes to College; Institutions gamble on open workshops as engines of entrepreneurship. The Chronicle of Higher Education, 2015.
SILVA V. F. G. F. Comunidades DIY e aprendizagem colaborativa online. FCSH, 2015
STACEY, M. The FAB LAB Network. A Global Platform for Digital Invention, Education and Entrepreneurship. MIT Press Journals: Innovations, 2014.
STEPHEN, F. Third Wave Do-It-Yourself (DIY): Potential for prosumption, innovation, and entrepreneurship by local populations in regions without industrial manufacturing infrastructure. Technology in Society, November, 2014.
WOLF-POWERS, L., SCHROCK, G., DOUSSARD, M., HEYING, C., EISENBURGER, M., MAROTTA, S. The Maker Economy in Action: Entrepreneurship and Supportive Ecosystems in Chicago, New York and Portland. Kauffman Foundation’s, 2016.