Você, provavelmente, conhece a história de algum negócio que tinha tudo para dar certo, mas não deu. Por certo, você até se questionou: “como é possível não ter dado certo?! O produto era inovador, havia uma demanda latente”. Sinto muito lhe informar, mas, tais quesitos não são suficientes para determinar as possíveis causas de sucesso ou fracasso de um negócio

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Há muito tempo, os mercados são entendidos como realidades quase naturais, ‘existentes por si só’. Baseada, principalmente, no conceito da mão invisível descrita por Adam Smith, essa concepção defende que os mercados são formados pela díade vendedor-consumidor, sendo orquestrados pela lei da oferta e demanda. Porém, uma análise mais minuciosa, nos demonstra que o mercado é muito mais complexo do que convencionalmente percebemos. Por esse motivo, adotaremos a partir de agora uma nova visão sobre mercados.

Sobre a ótica da sociologia econômica de Callon, os mercados podem ser entendidos como algo em contínua construção, seja pelo esforço de: (a) vários atores: empresas, institutos de tecnologia, legisladores, organizações internacionais (FMI, ONU); (b) pela agência de objetos não humanos: algoritmos, tecnologias, ferramentas de marketing digital; e (c) pelas diversas disputas de poder. Essa construção reflexiva e intencional, permite que os mercados evoluam, diversifiquem e tornem-se diferenciados por força dos agentes que deles fazem parte.

Ou seja, é possível que haja interesse/demanda pelo produto, bem como que o produto esteja validado tecnologicamente e, mesmo assim, não dar certo! Quem não se lembra do patinete elétrico? Embora, mostrava-se um produto revolucionário, a companhia Segway não foi capaz de (re)configurar o mercado de mobilidade. Isto, pois a empresa não conseguiu reunir esforços para modificar leis de trânsito, infraestruturas (calçadas, ciclovias), barreiras culturais ou até mesmo realizar parcerias para tornar o seu produto passível de circulação, cálculo e consumo. Como podemos observar,

Pela ótica da Sociologia Econômica, os mercados podem ser divididos em duas fases. A fase de enquadramento, onde existe regras claras, elementos discursivos e tecnológicos bem definidos. E, a fase de transbordamento, onde existe o surgimento de novas tecnologias, novas modelagem de negócios e novas disputas de poder. Muitos atores pelos seus interesses comuns ou poder, por exemplo, podem realizar incontáveis esforços para manter o mercado da forma como está - como acontece com o mercado de combustíveis fósseis. Outros, por outro lado, apesar de interesses diversificados, podem trabalhar conjuntamente para a construção e/ou transformação de determinado mercado – como é o caso do mercado automobilístico elétrico.

No mercado automobilístico elétrico, é possível visualizar uma variedade de atores envolvidos, como: centros de pesquisa, adesão do ESG por várias corporações, agenda ONU, consumidores socialmente responsáveis, e, seus distintos interesses: avanços tecnológicos, produto com alto valor agregado, boas práticas de gestão social e ambiental, preservação do meio ambiente; os quais contribuem para o desenvolvimento de práticas normativas, transacionais e representativas que orquestrarão mercado. Certo é que, com o avanço das tecnologias de informação e com o constante incentivo a inovação, os ciclos de transbordamentos no mercado se tornam mais recorrentes.

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Neste cenário, ter a oportunidade de constituir sua empresa dentro de uma incubadora de empresas se mostra uma boa opção. Nela, o empreendedor tem acesso a suporte mercadológico, de gestão e inovação, que facilitam o entendimento sobre os mercados, dando insights de estratégias que funcionam para a inserção de novo produto/serviço. Forma-se uma rede de apoio entre diversos atores, conferindo visibilidade e poder – que, provavelmente, uma empresa sozinha não teria. Além disso, o empreendedor conta com acesso mais facilitado a recursos financeiros necessários para desenvolver novas propostas de valor e incutir transformações no mercado. Na incubadora do Inatel, temos variados cases de sucesso, como o da empresa ‘4Intelligence’, que desenvolveu uma boa rede de relacionamentos, conquistou investimentos e, atende, hoje, grandes empresas.

Ainda está com dúvida sobre o porquê você deveria aderir essa visão?

A partir desta visão, outros questionamentos estratégicos passam a circundar a empresa, como: quem opera no mercado? Quais leis circundam as transações econômicas? Quais normas ditam as relações entre os atores? Para onde o mercado está indo? Como os atores imaginam o modelo ideal deste mercado? Com quais atores podemos unir esforços para transformar o mercado? O que precisamos ter para poder propor uma nova versão de mercado?

Tais questionamentos, levam os empreendedores a descobrir o valor de vincular recursos entre os atores de novas maneiras, como também, melhoram seu feeling para criar proposta de valores capazes de moldar mercado, contribuindo, consequentemente, para o sucesso do negócio.

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Como creio ter ficado claro, a nossa tentativa com esta reflexão, que passa pelo relato de uma breve história real, é a de apresentar fatos que nos levem a acreditar que a academia pode sim gerar empreendedores, empreendimentos e inovações e já o está fazendo

Juliana Becheri
Juliana BecheriMestra e Doutoranda em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Bacharela em Administração pela FAI. Integra o time do Inatel Startups como profissional bolsista Fapemig no projeto “Incubação 4.0 - Conexões Omnichannel”. Apaixonada por escrever e ensinar sobre negócios!