Você, provavelmente, conhece a história de algum negócio que tinha tudo para dar certo, mas não deu. Por certo, você até se questionou: “como é possível não ter dado certo?! O produto era inovador, havia uma demanda latente”. Sinto muito lhe informar, mas, tais quesitos não são suficientes para determinar as possíveis causas de sucesso ou fracasso de um negócio
Sobre a ótica da sociologia econômica de Callon, os mercados podem ser entendidos como algo em contínua construção, seja pelo esforço de: (a) vários atores: empresas, institutos de tecnologia, legisladores, organizações internacionais (FMI, ONU); (b) pela agência de objetos não humanos: algoritmos, tecnologias, ferramentas de marketing digital; e (c) pelas diversas disputas de poder. Essa construção reflexiva e intencional, permite que os mercados evoluam, diversifiquem e tornem-se diferenciados por força dos agentes que deles fazem parte.
Ou seja, é possível que haja interesse/demanda pelo produto, bem como que o produto esteja validado tecnologicamente e, mesmo assim, não dar certo! Quem não se lembra do patinete elétrico? Embora, mostrava-se um produto revolucionário, a companhia Segway não foi capaz de (re)configurar o mercado de mobilidade. Isto, pois a empresa não conseguiu reunir esforços para modificar leis de trânsito, infraestruturas (calçadas, ciclovias), barreiras culturais ou até mesmo realizar parcerias para tornar o seu produto passível de circulação, cálculo e consumo. Como podemos observar,
Pela ótica da Sociologia Econômica, os mercados podem ser divididos em duas fases. A fase de enquadramento, onde existe regras claras, elementos discursivos e tecnológicos bem definidos. E, a fase de transbordamento, onde existe o surgimento de novas tecnologias, novas modelagem de negócios e novas disputas de poder. Muitos atores pelos seus interesses comuns ou poder, por exemplo, podem realizar incontáveis esforços para manter o mercado da forma como está - como acontece com o mercado de combustíveis fósseis. Outros, por outro lado, apesar de interesses diversificados, podem trabalhar conjuntamente para a construção e/ou transformação de determinado mercado – como é o caso do mercado automobilístico elétrico.
No mercado automobilístico elétrico, é possível visualizar uma variedade de atores envolvidos, como: centros de pesquisa, adesão do ESG por várias corporações, agenda ONU, consumidores socialmente responsáveis, e, seus distintos interesses: avanços tecnológicos, produto com alto valor agregado, boas práticas de gestão social e ambiental, preservação do meio ambiente; os quais contribuem para o desenvolvimento de práticas normativas, transacionais e representativas que orquestrarão mercado. Certo é que, com o avanço das tecnologias de informação e com o constante incentivo a inovação, os ciclos de transbordamentos no mercado se tornam mais recorrentes.
Neste cenário, ter a oportunidade de constituir sua empresa dentro de uma incubadora de empresas se mostra uma boa opção. Nela, o empreendedor tem acesso a suporte mercadológico, de gestão e inovação, que facilitam o entendimento sobre os mercados, dando insights de estratégias que funcionam para a inserção de novo produto/serviço. Forma-se uma rede de apoio entre diversos atores, conferindo visibilidade e poder – que, provavelmente, uma empresa sozinha não teria. Além disso, o empreendedor conta com acesso mais facilitado a recursos financeiros necessários para desenvolver novas propostas de valor e incutir transformações no mercado. Na incubadora do Inatel, temos variados cases de sucesso, como o da empresa ‘4Intelligence’, que desenvolveu uma boa rede de relacionamentos, conquistou investimentos e, atende, hoje, grandes empresas.
Ainda está com dúvida sobre o porquê você deveria aderir essa visão?
A partir desta visão, outros questionamentos estratégicos passam a circundar a empresa, como: quem opera no mercado? Quais leis circundam as transações econômicas? Quais normas ditam as relações entre os atores? Para onde o mercado está indo? Como os atores imaginam o modelo ideal deste mercado? Com quais atores podemos unir esforços para transformar o mercado? O que precisamos ter para poder propor uma nova versão de mercado?
Tais questionamentos, levam os empreendedores a descobrir o valor de vincular recursos entre os atores de novas maneiras, como também, melhoram seu feeling para criar proposta de valores capazes de moldar mercado, contribuindo, consequentemente, para o sucesso do negócio.
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Como creio ter ficado claro, a nossa tentativa com esta reflexão, que passa pelo relato de uma breve história real, é a de apresentar fatos que nos levem a acreditar que a academia pode sim gerar empreendedores, empreendimentos e inovações e já o está fazendo.